quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O Ano Novo e as Velhas Percepções

Sempre ao final de cada ano fazemos nossas reflexões acerca do que devemos mudar, dos projetos que desejamos iniciar, das pessoas que entraram em nossas vidas e das que excluímos. O final de ano nos leva a fazer um detox na vida. Desejamos moldar o destino de modo a nos livrarmos de nossas antigas insatisfações. 
O que nos atrapalha é o meio do caminho, as indecisões em relação a velhos impasses ou resoluções que não foram exitosas. O que não nos faz bem deve ir embora. Algumas coisas podem ser recuperadas outras não têm mais volta. 
Início de ano é momento de recomeços, de buscar o novo, de recarregar as energias para colocar em prática pelo menos algumas das ideias arquivadas, selecionar pessoas que nos sustentem em nosso lugar de potência, que acreditem em nós, que nos apoiem em nossos empreendimentos. Um bom time é composto de bons amigos, da família quando se constitui um porto seguro, não porque nasceram no mesmo núcleo. 
Relacionamentos vitalizados, não os mornos, baseados na dependência econômica ou no medo da solidão, que resultam na apatia produzindo uma vida mortificada.

Aquele que trava uma guerra consigo mesmo em busca de uma existência feliz às vezes pode incorrer em perdas, decepções e escolhas equivocadas, pois desejar ser feliz não é o suficiente para sê-lo.  É preciso prosseguir até que ocorra o encontro com as pessoas certas, o que não significa as pessoas perfeitas. Quando encontramos o nosso time alcançamos uma vida plena e equilibrada na qual os resultados que desejamos são alcançados de forma mais suave.  E se ainda não encontramos nosso time é porque nos contentamos em ficar parados no mesmo lugar ao lado das pessoas que não fazem parte da nossa família emocional. Desconectar-se do passado é imprescindível para a construção do novo. Quebrar definitivamente todos os vínculos com o 'velho' para poder conceber uma nova forma de criar a vida. 

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Para Que Viemos ao Mundo?

Uma das perguntas que nos acompanha durante nossa existência é: 'O que viemos fazer no mundo?' Ser um profissional com êxito? Construir uma família? Dedicar-se a uma fé? Realizar transformações sociais? Como saber se está no caminho certo? Se está cumprindo o destino que lhe foi projetado?
Todas as escolhas que fizermos constituem crescimento e aprimoramento. Não viemos para ser coisa alguma. Escolhemos ser e a partir dos recursos que a sorte nos disponibiliza. Podemos trazer beleza ao mundo através de nossos pensamentos, ensinamentos e ações. Transformar um cantinho da sociedade e consertar algo que está quebrado. Existimos para preparamos algo para as próximas gerações, pois elas aprenderão de acordo com o que estiverem vivenciando.
Ao sermos escravos dos resultados exitosos e da aprovação alheia nos perdemos em insatisfações fabricadas.
Não viemos ao mundo para receber tudo, viemos doar. Quando possuímos privilégios não somos especiais, apenas nos tornamos mais elegíveis para doar a partir do que prosperamos. Seja sabedoria, conhecimento, experiência de vida, recursos financeiros ou amor. 
O indivíduo acredita que seu destino está relacionado ao sucesso individual, quando o sentido repousa nas mudanças efetuadas na vida de outras pessoas. Somos contribuintes do crescimento dos que cruzam nosso caminho e somos, desse modo,  igualmente transformados. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Nietzsche e a Felicidade

Quando Nietzsche esteve em Nápoles e observou as casas próximas ao Vesúvio, disse que para alcançar a felicidade e colher grandes alegrias é preciso correr riscos. Ele sugeriu construir casas nas encostas do Monte Vesúvio, que, apesar de parecer uma atitude imprudente, daria uma bela visão do mar. Essa imagem resumia sua visão acerca da felicidade: viver é uma coisa arriscada. Se ficarmos com medo dos deslizamentos, perderemos a vista fantástica. Realização e felicidade não estão relacionadas com ‘fuga’ dos problemas ou dos riscos, mas em extrair deles algo de positivo. Nossas preocupações são uma pista do que está errado em nossa vida. Evitar a vida não nos concede a verdadeira felicidade. Proteger-se demais é fuga e se trata de uma paz ‘covarde’, baseada na amortização das próprias sensações. Em vez de superar os desafios, a escolha feita é a de evitá-los; sem desafios não crescimento.
Não importa as escolhas que fizermos, os desafios existirão sempre e ciclicamente nos veremos diante de situações que nos desestabilizarão. O que irá diferenciar as fases de desafios  é o modo como vamos administrá-los. Com o passar dos anos iremos aprender uma nova forma de olhar para eles e nos aquietaremos entendendo que eles irão embora da mesma forma que vieram. A diferença será a forma de reagir. Será como olhar para um velho amigo que veio nos visitar cujas idiossincrasias já conhecemos.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Maturidade Após os 50

Quando eu era jovem aprendi que andar com pessoas mais velhas nos deixava mais sábios e maduros. Eu sempre tive amigos mais velhos do que eu. Ao sair com amigos da minha idade parecia sempre que faltava alguma coisa, que eu não podia extrair deles o  conhecimento e sabedoria que eu desejava. Na minha adolescência eu era um ser ávido por conhecimento.

Só que eu cresci e continuei carregando comigo o mesmo conceito, de que pessoas com mais idade do que eu poderiam me ensinar algo, me transmitir alguma sabedoria para que eu me tornasse um ser cada vez melhor. Eu não havia aprendido a diferença entre idade cronológica e maturidade emocional. Foi surpreendente descobrir o quanto as rugas e experiências acumuladas não necessariamente produzirão como resultado um ser humano equilibrado, sábio e maduro. O que acabei por descobrir é que existem pessoas que pouco aprenderam apesar dos anos acumulados. Eu fui equivocadamente levada a acreditar que barba branca e senhoras que se tornam avós são pessoas generosas, idôneas e maduras. Mas raramente temos acesso aos recônditos de um ser humano e a compreensão do que o faz perder o verniz social e transformar-se em alguém socialmente inviável devido à extensão de sua insensatez e caráter maleável..

Hoje ainda temos os experientes generosos que compartilham suas bagagens e de alguma forma ajudam outras pessoas a trilhar um caminho menos árido. O perigo é esbarrarmos com os experientes enciumados da juventude, indignados com a felicidade alheia pois seu tempo passou, competitivos e destrutivos em relação àquilo que invejam.
 O que seremos no futuro: o velhinho que sorri ao ver uma criança brincando no jardim ou o rabugento que persegue aquilo que não pode se tornar?