Maturidade Moral
Vivemos em uma sociedade que estimula a socialização. Seja virtual ou
presencial, sentimo-nos todos participando da vida uns dos outros devido às
inúmeras oportunidades de contatos nas redes sociais. Tornamo-nos íntimos sem
nunca ter havido um papo olho no olho. A cumplicidade fabricada com pessoas
estranhas torna-se mais fácil, pois elas não nos conhecem de fato. Aceitam
nossa versão da história julgando a nosso favor, sem conhecer os outros
personagens. Somos sempre os moralmente viáveis e dignos perante os olhos de
desconhecidos. Logo, não é preciso assumir responsabilidade pela situação em
que nos encontramos. Culpar outras pessoas o tempo todo e se colocar no lugar
de vítima é falta de maturidade moral.
Também não existe maturidade moral em socializações nas quais pessoas
ironizam aqueles que os acolhem em suas casas e os convidam para a sua mesa.
A violência recreativa não pode ser tolerada como algo divertido. A
amizade foi banalizada e virou um jogo de interesses e troca de
favores, um passatempo para fugir do tédio e da solidão. O rombo existencial que as pessoas carregam em
si é tamponado com conversas vazias e
socializações intensas para suprir uma existência sem significado.
O que sobra quando não se consegue entrar em contato com a
própria essência por risco de desmoronamento emocional?
Às vezes é preciso desmoronar para dar lugar a um novo ser. Desconstruir-se para nascer novamente em outras paragens, aderindo a
novos conceitos, pessoas e lugares que auxiliem a construir a melhor versão de
si mesmo.