A autoestima elevada influencia nosso modo de perceber o mundo e as pessoas. A qualidade das relações depende da forma como um indivíduo se relaciona, primeiramente, consigo mesmo. É preciso considerar o aprendizado emocional como um investimento necessário para viver melhor. Patricia Serfaty é Psicanalista, Doutoranda em Bioética e Saúde Coletiva, mestranda em Teoria Psicanalítica, mestra em Psicanálise e Liderança e especialista em Educação Emocional.
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
sábado, 22 de agosto de 2015
Aprendendo a Lidar com a Dor
Após certa idade, vivemos o suficiente
para colecionar algumas cicatrizes. Há dores, traumas, mágoas e memórias que
gostaríamos de esquecer. Algumas pessoas decidem passar por cima da dor e, em
vez de sentir esse luto, preferem atropelar os episódios sem digerir
completamente o que lhes aconteceu. Escolhem fugir do contato com a dor. Mas
haverá um momento em que será preciso enfrentá-la para sair da superficialidade
e arranjar tempo e atenção para si mesmo. Enfim, chegará a necessidade de se
dedicar à própria cura.
Possuímos vários bálsamos para atenuar a dor:
amigos, viagens, família, trabalho, espiritualidade ou alguma arte ou hobby ao
qual nos dedicamos com afinco. Porém, em alguns casos não podemos desconsiderar
a ajuda de um profissional. Nem tudo conseguiremos resolver sozinhos. Não é
sempre que encontramos o caminho de volta ou talvez estejamos demorando demais
a sair de uma situação dolorosa. Não podemos deixar a dor se instalar por um
período muito prolongado. Se não estivermos progredindo, temos que buscar orientação
e pedir ajuda para a pessoa certa. Profissionais existem para isso.
Deve-se ter um cuidado com os conselhos, pois nem
sempre as pessoas com as quais nos aconselhamos passaram pelas experiências que
estamos passando ou então, não possuem maturidade emocional para ver além de sua
própria percepção.
Indivíduos que passaram por momentos muito difíceis
têm dificuldade em acreditar que algo de realmente bom possa ocorrer em sua
vida. Então, quando estão diante de uma situação que possa lhes
gerar uma mera satisfação ou felicidade eles retornam ao antigo padrão, que
lhes é familiar. Eles não sabem lidar com a alegria, com a fluidez das coisas;
se algo está ‘dando certo’, eles logo pensam que tem alguma coisa errada.
Algumas pessoas chegam a sentir-se desconfortáveis quando não têm problemas.
Elas ficam ansiosas aguardando o aparecimento do infortúnio, o que na maioria
das vezes não acontece, fazendo-as iniciarem o processo de autossabotagem. É
preciso realizar uma reeducação a fim de desconstruir esse padrão doentio de
ser incapaz de se divertir e desfrutar a vida por estar focando sempre nas
misérias e amarguras da existência humana. É necessário entender que a
alegria está disponível a todos, mas é um merecimento somente dos que se
permitem vivenciá-la.
Mergulhando
no Naufrágio
“Há uma escada
A escada está
sempre lá
Inocentemente
suspensa
Bem ao lado da
escuna...
Eu desço...
Eu vim explorar
os destroços...
Eu vim para ver
o dano que foi causado
e os tesouros
que prevalecem...”
Adrienne Rich
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
O Perigo de um Futuro Brilhante
Lembro-me da marcante cena do filme “As Horas”, em que Clarissa,
o personagem de Maryl Streep, conversa com sua filha relembrando seus tempos de
universidade e pontuando o quanto ela se sentia imensamente feliz com a
vida. Ela pensava que a partir daquele momento haveria cada vez mais e mais
felicidade. Só que não haveria mais felicidade, aquela era ‘a felicidade’.
Então, sua filha de vinte anos lhe responde: “O que você está querendo dizer é
que um dia você já foi jovem”.
Essa bela cena reflete a inocência da juventude em relação às
grandes expectativas geradas na largada da vida. Todos são tão iguais ao imaginarem um futuro brilhante, cheio de sucesso e realizações até que um
choque de realidade os coloque diante de obstáculos e perdas ao longo do
caminho.
Todos nós projetamos o que queremos nos tornar e sabemos que
enquanto formos jovens teremos muitas oportunidades ou a crença de tê-las. Com o passar dos anos, começamos
a avaliar o que nos tornamos em relação ao que havíamos projetado. Alguns saem no
lucro, outros sofrem autodecepção, há ainda os que foram catapultados para muito
longe de suas expectativas e poucos conseguem cumprir o roteiro programado em
sua juventude. O que acontece no meio do caminho? Perdemo-nos de nossos
objetivos? Apostamos nossas fichas no lugar errado? Não tivemos a percepção
correta ao fazermos escolhas? Como trilhar o caminho certo para alcançar
o futuro planejado em tenra idade?
Alguns fazem escolhas para obter aprovação. Poucos dão a
largada sabendo exatamente para onde querem ir. Quando somos jovens nossos
objetivos raramente estão definidos, há confusão e indecisão e todos os
caminhos parecem prósperos. Logo, alguns começam a experimentar e de tanto
experimentar acabam não se encaixando, pois desperdiçaram tempo demais. Quando se olha para trás tudo o que se vê
são carreiras instáveis, divórcios múltiplos, filhos distantes emocionalmente, amigos que
se perderam ao longo do caminho.
Após a
maturidade sabemos que nossas oportunidades serão escassas. Então, não há tempo para experimentar demasiado e viver continuamente sem comprometimento, a juventude passa e construções consistentes demandam rotina.
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